Jogos Cooperativos: eu aprendo, tu aprendes e nós cooperamos
Resumo
Os jogos cooperativos surgiram da preocupação com a excessiva valorização do individualismo e da competição na cultura ocidental. Foram criados com o objetivo de promover a auto-estima e o desenvolvimento de habilidades interpessoais positivas. Sua inserção na Educação relaciona-se às preocupações constantes com a formação para a cidadania e convivência social construtiva. No entanto, há poucos estudos que descrevem as aprendizagens infantis em situações de jogos cooperativos. Os objetivo desse trabalho foram:
1. verificar se os jogos cooperativos podem influenciar positivamente nas atitudes e no relacionamento de crianças do Ensino Fundamental ; 2. descrever de que forma uma professora em formação pode refletir sobre sua própria prática para construir conhecimentos sobre o processo ensino e aprendizagem de aspectos atitudinais Para o delineamento da pesquisa foi utilizada a abordagem qualitativa na modalidade de pesquisaação.
Os dados foram coletados ao longo de dois meses, em atividades semanais, de uma hora de duração, em uma escola pública do município de São Paulo. Totalizando 8 encontros.
Participaram da investigação 22 crianças, de dez e onze anos, que freqüentavam um agrupamento da escola. Foram entrevistados oito sujeitos, sendo seis formados em pedagogia, um formado em pedagogia e letras e um formado em licenciatura plena em educação física. Este grupo era caracterizado pelas professoras atuantes na instituição como um grupo com dificuldades de relacionamento interpessoal e agressividade. Para coleta de dados foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevistas com as crianças e professoras do grupo de crianças antes e após cada encontro; registros em diário de campo sobre as aprendizagens da professora/pesquisadora que aplicou os jogos cooperativos e observação não estruturada das interações sociais das crianças no decorrer dos jogos cooperativos aplicados em cada encontro. A análise do diário de campo aponta que a adaptação das crianças à pesquisadora possiibiltou baixa freqüência de intervenções frente a interações sociais conflituosas como brigas e provocações verbais entre as crianças. As entrevistas demonstraram que as crianças foram capazes de relatar o impacto positivo dos jogos cooperativos na melhoria de suas atitudes e relacionamento. A triangulação dos dados das entrevistas, registros de campo e observações não estruturadas indicam que os jogos cooperativos possibilitaram às crianças: expressões verbais, contatos físicos e construção de estratégias coletivas em um ambiente de respeito mútuo. O estudo não permite prever se estes comportamentos serão transferidos para outras situações sociais, mas fornece indícios do valor educativo dos jogos cooperativos.